sábado, 20 de agosto de 2011

Rússia: História, Geopolítica e Geo-economia (Parte I).

                          A "Grande Rússia".
                          "A Rússia atual é herdeira de um império que representou durante séculos o alicerce expansionista do cristianismo ortodoxo(Igreja Católica Ortodoxa) e depois, ao longo da maior parte do século XX, sob a forma de URSS, converteu-se na 'pátria do socialismo'.O passado continua a pesar sobre o presente:a Rússia não se enxerga como um Estado simplesmente, mas como um centro de poder político imperial.
                          A maior parte das repúblicas que formavam a URSS, ainda que formalmente soberanas e independentes, na verdade ainda gravitam a óbita política da Rússia. Não é por acaso que os governos russos utilizem a expressão 'exterior próximo' para fazer referência a essa esfera geopolítica na qual prevalece a vontade de Moscou.

                            A "terceira Roma".
                            Roma foi a primeira sede da Igreja Católica, o centro universal do cristianismo.A cidade de Constantinopla(hoje com o nome de Istambul), a capital do Império Bizantino, desempenhou o papel de "segunda Roma" na Europa, desde a queda do Império Romano Do Ocidente (476 dc) sob o impacto das invasões de tribos bábaras germânicas e dos hunos oriundos da Ásia sob a liderança de Átila.No final da Idade média, a queda de Constantinopla, em 1453, tomada pelos turcos otomanos, bloqueou a ligação do comércio marítimo entre o Ocidente (Europa) e o Oriente (África e Ásia).Esse fato histórico de extraordinária importância, privou o cristianismo ortodoxo de um centro do poder.Mas, pouco depois, sob a proteção do príncipe Ivan III, esse centro foi restabelecido em Moscou, a "terceira Roma".
                            Sob Ivan III, o trono russo passou a utilizar como símbolo a águia de duas cabeças que, no Império Bizantino, representava o duplo poder, político e religioso do imperador.
                            Ivan IV, o Terrível (1530-1584), intitulou-se oficialmente czar que significa "césar", título conferido aos imperadores romanos e também aos imperadores bizantinos.O poder imperial ergueu-se sobre a aliança entre os czares e os patriarcas da Igreja Católica Ortodoxa.
                            Sob o governo de Ivan IV, os russos capturaram o Estado islâmico de Kazan, no Vale do Rio Volga e iniciou-se a conquista da imensa Sibéria.A Rússia começa, ainda no século XVI, um império multinacional.Nos séculos seguintes, um movimento incessante de expansão territorial coduziria o Império Russo a combater a Polônia Católica, a ocidente, e o Império Turco-Otomano(muçulmano) ao sul, na Península da Anatólia.
                           Pedro, o Grande (1672-1725), derrotou os suecos e expandiu o território russo para o norte, conquistando acessos para o Mar Báltico e incorporando a Estônia e a Letõnia.Sob o seu reinado, a Rússia viveu um período de acelerada modernização e ocidentalização.No Golfo da Finlândia, junto ao Mar Báltico, ergueu-se São Peterburgo, a nova capital imperial, uma obra gigantesca, na qual atuaram arquitetos e escultores de diversos países europeus e que custou a vida de milhares de trabalhadores.
                          Catarina II(1729-1796) derrotou os poloneses, incorporando a Lituânia, a Bielorússia(Belarus) e a Ucrânia, e iniciou a conquista da região do Cáucaso.Sob o seu reinado, a Rússia firmou-se como grande potência européia.
                          Asssinando com a França a Paz de Tilsit (7 de julho de 1807), o czar russo, Alexandre I aderiu ao Bloqueio Continental criado por Napoleão com o objetivo de destruir economicamente a Inglaterra.Apesar de ter aderido ao bloqueio, a Rússia, que era um país predominante agrícola, foi obrigada a abondoná-lo em Dezembro de 1810.Enfretando grave crise econômica, a Rússia precisava trocar o excesso de sua produção de cereais por produtos industriais ingleses.Napoleão Bonaparte reagiu violentamente contra esse desrespeito russo às normas traçadas pela Paz de Tilsit.Assim, para obrigar o czar Alexandre I a prosseguir no bloqueio, decidiu então, em 1812, invadir a Rússia, organizando um exército composto de 600 mil homens e aproximadamente 190 mil cavalos.O "general inverno", como se costuma dizer, derrotou as forças napoleônicas.Dos 600 mil soldados franceses que partiram para a Rússia, somente 30 mil conseguiram retornar a Paris, famintos e esfarrapados.Portanto, os russos desempenharam um papel importante, decisivo nas Guerras Napoleônicas e na restauração dinástica na Europa(Congresso de Viena em 1815).
                         Contudo o poderoso império russo tinha estrutura frágil.Sua industrialização foi tardia, baseou-se em investimentos estrangeiros e permaneceu restrita a São Peterburgo, Moscou, Smolensk e umas poucas cidades em torno do Volga.O trabalho servil permaneceu até após a metade do século XIX e o meio rural russo conheceu sucessivas crises de fome e baixa produtividade.Em 1905, a derrota na Guerra Russo-Japonesa assinalou o início da crise do império russo e provocou levantes de operários nas duas grandes cidades do país
                          O colapso final decorreu do fracasso nos campos de batalha da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). A invasão alemã na borda ocidental da Rússia, o desmanche do exército e  a ruína econômica desaguaram na revolução popular de Março de 1917 que derrubou o czar Nicolau II. Meses depois, em meio à turbulência política, sob a liderança de Vladmir Lênin, os bolcheviques(revolucionários comunistas) tomaram o poder.Entre 1918 e 1921, o novo regime enfrentou, numa guerra civil, as forças contra-revolucionárias (o exército "branco") que receberam apoio de potências extrangeiras como a Alemanha, a França, a Bélgica, a Holanda e a Inglaterra.A vitória bolchevique (exército 'vermelho') consolidou o êxito da Revolução Russa de 1917".

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